Há histórias com imenso significado, que moram nas pessoas como as pessoas moram nos lugares que lhes pertencem, vivem algures na memória de cada um, como tudo o que de bom e mau nos preenche o passado. Gosto essencialmente dessas, das boas histórias, que apesar de ouvir e ter ouvido, vezes sem conta, continuo a admirar. Comparo-as aos bons filmes que guardo na gaveta dos DVD's e vou buscar quando sinto saudade, continuo a saber as falas de cor, choro no momento da tragédia, rio com a personagem cómica e deleito-me com a frase chave, que funciona sempre como moral da história.
Os serões de relaxe têm sempre pano para mangas...então quando a mãe está por perto, a conversa dura horas a fio. Pensei pergunta-lhe como é que ela conheceu o pai (certo é que já estava farta de o saber, mas insisto nos pormenores), logo lhe vejo um sorriso tão expressivo, como se estivesse a falar da nova paixão da adolescência. Começou por falar-me do baile, o tal baile...estava ela no canto do salão, tocava Sinatra (se não lhe falha a memória), diz que o avistou por entre a multidão de jaquetões e vestidos rodados. Primeiro surgiu o rei dos bailes, daqueles que têm um nome característico, o típico engatatão que não falha uma, surpresa das surpresas...ela recusou a dança. Aí o pai perdeu metade da esperança, ele era o próximo a tentar a sorte, mas visto que nem o supra sumo tinha vingado, foi ter com ela meio a medo, pediu-lhe com todo o jeitinho e cortesia o que ela tanto queria que acontecesse. Num ápice tinham caído nos braços um do outro, a mãe diz que se lembra do que ele trazia vestido e diz também que cheirava a limão, um travo que lhe acentava que nem uma luva, lembra-se de pensar que tinha de saber mais sobre ele, que tinha de voltar a estar com ele. Segundo a mãe conta, o pai era desajeitado, mas aquela dança ela não esquece, refere-a como a dança de uma vida.
Do baile, aos encontros no café do costume tornaram-se um habitué...
O pai entra na sala quando estávamos a falar do primeiro beijo, que foi custoso, segundo consta...a mãe era convencional e o pai tímido e mais, os tempos eram outros, o carrossel era vagaroso, mas sabia a tanto de cada volta que dava...
Adorei ver a expressão do pai passados 25 anos, sorriu como uma criança a reviver a velha infância e correu a beijar a mãe, não tardou que me falassem na opinião deles sobre isso tudo,depois, das teimosias da avó em deixar a mãe sair de casa, dos amigos boémios, das voltas no carro de museu e até de quem casou com quem e das festas em casa dos velhos amigos. Senti-me à parte, deixo-os a recordar os bons velhos tempos e encosto a porta da sala com cuidado para que não se apercebam da minha ausência.
Ficam a opinar sobre o destino, ainda ouço a mãe dizer ao pai como o destino é certeiro e o pai remete-lhe um " é verdade amor...é verdade", depois confidencia-lhe como ela estava bonita de vestidinho floral.
Fui ler um bocado, mas parei para reflectir, cair sob a minha felicidade em saber que ainda existem romances como nos filmes e nos livros do nicholas sparks, parece que existem sempre boas recordações e sentimentos que são inabaláveis e só se fortalecem com o passar do tempo.
É verdade que hoje em dia o amor puro é raro, dá-se um "amo-te", como quem dá um elogio forçado. E o simples é tão mais bonito que o exagero, que se obtém com a maior das facilidades...
Tudo o que implica esforços e é conseguido aos poucos tem sempre mais valor.
Recentemente, Domingos Amaral diz que "Já ninguém morre de amor", pode até ser verdade, mas não é essa a minha opinião, continuo a acreditar que algures por aí alguém está a viver um romance que vai durar uma vida, pode ter as suas desavenças, pode ir e voltar, pode até nunca mais voltar e seguir em frente, mas existiu. Essa existência é inapagável. Todos nós morremos de amor, nem que seja uma vez na vida, cometemos as maiores loucuras, extasiamos com facilidade e acordamos e adormecemos com esse alguém no pensamento.
Os serões de relaxe têm sempre pano para mangas...então quando a mãe está por perto, a conversa dura horas a fio. Pensei pergunta-lhe como é que ela conheceu o pai (certo é que já estava farta de o saber, mas insisto nos pormenores), logo lhe vejo um sorriso tão expressivo, como se estivesse a falar da nova paixão da adolescência. Começou por falar-me do baile, o tal baile...estava ela no canto do salão, tocava Sinatra (se não lhe falha a memória), diz que o avistou por entre a multidão de jaquetões e vestidos rodados. Primeiro surgiu o rei dos bailes, daqueles que têm um nome característico, o típico engatatão que não falha uma, surpresa das surpresas...ela recusou a dança. Aí o pai perdeu metade da esperança, ele era o próximo a tentar a sorte, mas visto que nem o supra sumo tinha vingado, foi ter com ela meio a medo, pediu-lhe com todo o jeitinho e cortesia o que ela tanto queria que acontecesse. Num ápice tinham caído nos braços um do outro, a mãe diz que se lembra do que ele trazia vestido e diz também que cheirava a limão, um travo que lhe acentava que nem uma luva, lembra-se de pensar que tinha de saber mais sobre ele, que tinha de voltar a estar com ele. Segundo a mãe conta, o pai era desajeitado, mas aquela dança ela não esquece, refere-a como a dança de uma vida.
Do baile, aos encontros no café do costume tornaram-se um habitué...
O pai entra na sala quando estávamos a falar do primeiro beijo, que foi custoso, segundo consta...a mãe era convencional e o pai tímido e mais, os tempos eram outros, o carrossel era vagaroso, mas sabia a tanto de cada volta que dava...
Adorei ver a expressão do pai passados 25 anos, sorriu como uma criança a reviver a velha infância e correu a beijar a mãe, não tardou que me falassem na opinião deles sobre isso tudo,depois, das teimosias da avó em deixar a mãe sair de casa, dos amigos boémios, das voltas no carro de museu e até de quem casou com quem e das festas em casa dos velhos amigos. Senti-me à parte, deixo-os a recordar os bons velhos tempos e encosto a porta da sala com cuidado para que não se apercebam da minha ausência.
Ficam a opinar sobre o destino, ainda ouço a mãe dizer ao pai como o destino é certeiro e o pai remete-lhe um " é verdade amor...é verdade", depois confidencia-lhe como ela estava bonita de vestidinho floral.
Fui ler um bocado, mas parei para reflectir, cair sob a minha felicidade em saber que ainda existem romances como nos filmes e nos livros do nicholas sparks, parece que existem sempre boas recordações e sentimentos que são inabaláveis e só se fortalecem com o passar do tempo.
É verdade que hoje em dia o amor puro é raro, dá-se um "amo-te", como quem dá um elogio forçado. E o simples é tão mais bonito que o exagero, que se obtém com a maior das facilidades...
Tudo o que implica esforços e é conseguido aos poucos tem sempre mais valor.
Recentemente, Domingos Amaral diz que "Já ninguém morre de amor", pode até ser verdade, mas não é essa a minha opinião, continuo a acreditar que algures por aí alguém está a viver um romance que vai durar uma vida, pode ter as suas desavenças, pode ir e voltar, pode até nunca mais voltar e seguir em frente, mas existiu. Essa existência é inapagável. Todos nós morremos de amor, nem que seja uma vez na vida, cometemos as maiores loucuras, extasiamos com facilidade e acordamos e adormecemos com esse alguém no pensamento.
É bonito e recomenda-se.
A mãe é prática, o pai é um romântico desajeitado, mas quando os vejo juntos a recordar uma vida, são um só. Orgulho-me deles, como não poderia deixar de ser.
São felizes ao jeito deles e sei que tomam partido do melhor da vida.
É isso que levo como exemplo e quero para mim, ao meu jeito, quero a dança de uma vida, quero dançar as vezes que forem necessárias, ao som das mais belas canções, sob os mais imponentes cenários e sim, hei-de morrer de amor, aliás morro de amor pela vida, porque esta ao menos é garantida.
Se acredito ou não no destino, não sei.
Acredito naquilo que sou e não me tenho desiludido.
A mãe é prática, o pai é um romântico desajeitado, mas quando os vejo juntos a recordar uma vida, são um só. Orgulho-me deles, como não poderia deixar de ser.
São felizes ao jeito deles e sei que tomam partido do melhor da vida.
É isso que levo como exemplo e quero para mim, ao meu jeito, quero a dança de uma vida, quero dançar as vezes que forem necessárias, ao som das mais belas canções, sob os mais imponentes cenários e sim, hei-de morrer de amor, aliás morro de amor pela vida, porque esta ao menos é garantida.
Se acredito ou não no destino, não sei.
Acredito naquilo que sou e não me tenho desiludido.
2 comentários:
Um texto com tanto sentimento e tão pessoal e ao mesmo tempo um texto que retrata a história de vida de tantos dos nossos pais e as nossas opiniões sobre este embróglio tão admirável que é o amor. É este o poder das tuas palavras minha querida.
Adoro-te*
zé- fico feliz por saber que transmiti a mensagem...
as saudades apertam, grande beijo
*
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