quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Hoje vou fazer uma viagem, uma viagem sem fim, ao mundo das letras.
Desde bem pequenina que adoro disfarces, desde a roupa da mãe, às máscaras de Carnaval que deambulam pela casa de baú em baú...de geração em geração. As fantasias de encarnar personagens do imaginário sempre me fascinaram, ser uma princesa hoje, ser uma cigarra dançante amanhã, ou quiçá, ser um gigante de perna longa ou pomba branca em voo distante...

Infelizmente sou apenas uma menina como tantas outras, por entre a multidão-uma menina de tranças loiras e olhar profundo, como diz a mamã-todos os dias vou para a escola aprender a ser mais e melhor, porque um dia quero ter uma boa profissão e uma família estável, tal como os meus pais. É assim que encaro o mistério da vida, como dizem os filósofos do manual do meu irmão, que já é crescido e estuda "coisas de grandes".

Bem, como dizia a princípio, vou fazer uma viagem, não uma viagem a sério, mas uma viagem imóvel, daquelas em que só a alma viaja e onde podemos alcançar o Mundo, sem limites impostos, sem tempo de partida e chegada, nem bagagens pesadas. Onde podemos permanecer até nos cansarmos ou, simplesmente até mudarmos de destino.

Hoje vou contar uma história, porque também gosto que me as contem e, mais ainda, porque me deixam feliz, porque me ensinam realidades diferentes da minha, porque são disfarces da vida real. A minha história vai chamar-se "ler" e é uma viagem alucinante ao imaginário.

Ler...os meus amigos perguntam-me porque gosto assim tanto de ler, ao que eu respondo, prontamente: - Ler ajuda a crescer, pessoal !- E é verdade, ler tem-me feito crescer...hoje conheço muitas coisas que os meus amigos desconhecem. Na minha alma moram príncipes e princesas de reinos distantes, fadas milagreiras, bruxas malvadas, feiticeiros humoristas e dragões que cospem fogo. Mas, para além disto tudo, também adquiri um rol de conhecimentos que me permitem estar atenta ao futuro e ao que o Mundo espera de mim, principalmente, quando ouço os senhores da televisão dizerem que " as crianças são o nosso futuro". Confesso que às vezes tenho medo do que me venha a ser exigido, vejo que a mãe e o pai se esforçam por mim e pelo meu irmão, para que um dia sejamos um orgulho para eles e para nós mesmos e eu não quero desiludi-los, por isso me esforço para ter sucesso em tudo o que faço.

Mas voltando à minha história, dizia eu que gosto de ler, é, sem dúvida, um dos meus passatempos favoritos. Quando abro um livro e começo a ler deixo para trás quem sou e passo a ser uma protagonista assídua do fantástico, entro noutra casa, noutro tempo, numa outra alma, numa realidade diferente da minha. O sítio onde estou é apenas um local, sem nome nem propósito, se alguém me chama do lado de cá eu não ouço, estou surda, muda e invisível, vejo apenas as letras escrevinhadas à máquina e as imagens multicolor de uma história dentro da minha própria história. Consigo voar por mares imensos, terras dispersas, cujo nome me é desconhecido, onde parece que não existem crises, nem politiquices de governantes que, segundo o papá nunca souberam governar. Nas histórias dos meus livros todos sabem governar e governar-se, fazem tudo direitinho e quando erram, emendam, tal como eu faço quando erro as contas de dividir e a professora me pede para repetir. Não sei se o que leio é apenas ficção, mas sei que ler é bom ( pelo menos, sempre me disseram que ler faz bem e ensina muito, ao contrário da televisão e dos jogos de computador, que só servem de distracção para não fazer os trabalhos de casa), mas não é por isso que leio, é porque gosto, simplesmente. Quando leio posso usar um disfarce e deixar de ser quem sou, de estar onde estou...posso viajar sem sair do meu lugar e crescer, isso é o mais importante, ler faz-me crescer. Quando acabo de ler uma história sinto que enriqueci, num sentido personificado. Não fico com mais moedas no bolso, não deixo de ser uma menina pequena, não deixo de ocupar o mesmo lugar, de ter a mesma família e os mesmos hábitos...mas tenho mais uma história para contar, mais um sonho garantido, mais um sorriso reflectido, por saber que algures no meu imaginário vive mais uma personagem, mais uma vida, mais um lugar especial, proporcionado por um momento de leitura.

A minha alma cresceu e o meu intelecto também e é por isso que nunca vou deixar de ler, porque tenho o prazer de o fazer.

Ler é como amar e sonhar, não suporta imperativos. Quem se obriga a ler não mais o deve fazer, porque a vontade deve surgir naturalmente. Depois, trata-se de um exercício formidável e muito aprazível...

Quem lê não deve ter preconceito em saltar páginas, não acabar um livro, reler vezes sem conta a mesma linha, ler em sítios despropositados, apaixonar-se pelo herói da história, ler mais do que um livro ao mesmo tempo, ou mesmo ler em voz alta, porque ler é um direito e não apenas um dever, é uma porta aberta ao mundo do sonho, onde somos imortais e felizes para sempre, onde há maus e bons, onde há defeitos e qualidades, mas, sobretudo, onde há uma vida diferente da nossa, em que surge sempre uma aprendizagem útil ao futuro e que ajuda a crescer.

Hoje vou ler antes de adormecer, vou escolher uma aventura, daquelas em que o herói escapa à tragédia...vou fazer uma viagem, ao imaginário e claro, vou usar um disfarce, como eu gosto !

sexta-feira, 3 de outubro de 2008




Já pensaram que já passaram tantos anos ? Incrível...

Abro o albúm de recordações e voltam a surgir as conversas vespertinas, os segredinhos conspirados, as brincadeiras tipificadas, os abracinhos demorados, as desavenças de 2min., as horas de almoço no parque, o quiosque das gomas, os empurrões e os amassos, as tostas mistas e os suminhos de laranja, as coreografias do arco da velha, os namoros do 'toca e foge', as certezas absolutas, sintéticas e analíticas...a amizade...a amizade...a amizade...


Fecho o albúm de recordações ? O que é que fica no meio disto tudo?

A amizade!


Já não brincamos, não gritamos, não corremos nem embirramos (tecnicamente)

Na verdade fazemo-lo, todos os dias...de maneira diferente, mais comedida e reflectida, mais estereotipada e aborrecida, mas não nos esquecemos que existe um albúm de recordações em cada uma de nós, onde se escreve em letras garrafais e multicolor um "para sempre"...


A vocês,

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

So into you...