segunda-feira, 21 de abril de 2008

surpreender e ser surpreendido


E quando achamos que já nada nos surpreende? Quando pensamos que já tudo deu o que tinha a dar e não há nada que valha suficientemente a pena ser arriscado e verdadeiramente ambicionado...
Totalmente mentira...há sempre, sem excepção, alguém, alguma coisa, algum feito ou até uma simples palavra que por breves momentos ou até pela eternidade nos envolve numa atmosfera bestial e nos faz sentir que somos feitos para descobrir a felicidade nas coisas mais simples.
Ultimamente tenho sido surpreendida muito pela positiva e talvez esse mesmo facto me faça encarar as coisas deste modo, mas, apesar disso sei que é assim mesmo, não se trata de uma simples ilusão e os sonhos não são feitos para morrer num sono esquecido, mas sim para serem descobertos e alimentados e até estimados pela vida fora. E quem sabe se um dia somos mesmo surpreendidos, se esses sonhos carregados de beleza e loucura saudável não nos entram pela porta da alma e descem as escadas até ao coração...onde quiçá venham a permanecer sem quê nem porquê, ou simplesmente porque nos fazem felizes e tornam cada momento indescritível e único. Eu acredito, não só porque me está a acontecer, mas porque acho que todos temos o direito pleno de sonhar e concretizar e esperar que nos surpreendam, sem nunca esquecer de surpreender também...até porque fazer feliz, por si só já nos deixa felizes.

sábado, 5 de abril de 2008

Cansamo-nos de pensar

"Cansamo-nos de tudo, excepto de compreender. O sentido da frase é por vezes difícil de atingir. Cansamo-nos de pensar para chegar a uma conclusão, porque quanto mais se pensa, mais se analisa, mais se distingue, menos se chega a uma conclusão. Caímos então naquele estado de inércia em que o mais que queremos é compreender bem o que é exposto - uma atitude estética, pois que queremos compreender sem nos interessar, sem que nos importe que o compreendido seja ou não verdadeiro, sem que vejamos mais no que compreendemos senão a forma exacta como foi exposto, a posição de beleza racional que tem para nós. Cansamo-nos de pensar, de ter opiniões nossas, de querer pensar para agir. Não nos cansamos, porém, de ter, ainda que transitoriamente, as opiniões alheias, para o único fim de sentir o seu influxo e não seguir o seu impulso. "
Fernando Pessoa, in 'Livro do Desassossego'
Canso-me de pensar, encosto a cabeça à ombreira e fecho os olhos. Consigo ouvir o tic-tac do relógio de pulso, mas abstraio-me...já não importa que o tempo passe, já não me aflige que me obrigue a apressar-me. Deixo-o correr e adormeço para lhe fazer frente, desarmada, é verdade...mas, convicta de que continuo aqui, não fui hipnotizada por uma série de intempéries debilitantes. Agora quero assim, amanhã logo se vê.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

complexidades

Queria pensar que a vida está coberta de facilidades e pronta a apaziguar qualquer conflito interior que ameacemos sentir...(in)felizmente nem tudo é tão simples como parece quando somos confrontados com a realidade que nos é imposta. Por um lado, faz parte de uma auto-construção- o livre arbítrio; mas, por outro lado é nessas alturas que nos sentimos mais fragilizados e sem vontade nenhuma de agir face às controvérsias. A vida ensina-nos, fazendo-nos passar da teórica à prática, quando nos coloca entre a espada e a parede, perante todas as hipóteses, que facilmente se equiparam, mas que na realidade contém uma réstia de adversidade...e é por isso mesmo, que não existe perfeição à face da Terra, onde quer que a busquemos.
O caminho que escolhemos percorrer ao longo da vida é feito de adversidades e entraves, mas é a ultrapassá-los que nos tornamos pessoas capazes, lutadoras e cordiais.
Falta a força, que se encontra nos confins de nenhures, como o pote de ouro no fim do arco-íris.
São as ditas complexidades na simplicidade que é a vida. Haja o meio termo, no seio de questões tão ambíguas...