domingo, 11 de maio de 2008

quebra-se o tempo

Quebra-se o tempo, prende-se cada movimento e até a alma fica em suspenso.
Em que estou a pensar? Em nada. Ocorre-me só e apenas este ser estático que nada mais é do que sentir, estou vago de tudo e tão cheio ao mesmo tempo.
Onde estou? Aqui. Que horas são? Agora. Quem sou eu? Este momento.
Achas que amanhã vais estar aqui para contar? Provavelmente.
Hum..está certo. E achas que vais querer isto? Seguramente.
Estás ciente de que nada é certo? Perfeitamente.
E pensas que os advérbios te salvam? Pensas que alguma coisa te salva? Eu salvo-me.
Salvas? E de ti próprio...quem te salva? Deus? Não, ele já me salvou há muito tempo, a tarefa agora é minha.
E então, quando perderes a sanidade...quem te salva? Tu, neste momento. Depois não sei.
Não dizes que sabes tudo? Não, claro que não.
Então? Sei que nada sei.
Contradições...enfim.
Sim, eu ganho sempre.
Perdes de cada vez que te achas vencedor.
E porquê? Porque passas a vencido...e depois não há advérbios que te salvem, o ego consome-te.
Tens tanta piada.
Está bem...vem, vambora, que o que a gente demora é o que o tempo leva.
Não, no nosso tempo não há relógios.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Estranha forma de vida

Há pessoas com vidas planeadas, aquelas que apesar de não conhecerem o amanhã, possuem o dom de prever com um rigor inalienável um futuro tal qual o esperado, o que tem o seu quê de monotonia e ao mesmo tempo de segurança, se o que se prevê for positivo.
Outros, pelo contrário caminham na corda bamba, constantemente, correm riscos, saltam barreiras, enfrentam medos e ultrapassam adversidades em busca de uma meta para sempre inatingível, ou não, para os sonhadores, esses são outros, que passam pela vida com uma mão cheia de nada e a outra de coisa nenhuma, mas possuem o que muitos afastam e o que de mais puro existe...o sonho, que move mundos e fundos e recolhe ventos e tempestades numa caixa de cartão selada de coragem. Pela vida fora, passam-nos optimistas e pessimistas, grandes guerreiros e outros não tão menos grandes fracassos. Já conheci filhos do vento, da má sorte e outros cheios de tudo, irradiados de brilho e poder. A verdade é que cada um dá à vida o seu próprio sentido e decide autonomamente torná-la mais disto ou mais daquilo, independentemente de ser benéfico ou não, chama-se a isso escolha.
Posto isto, resta-me dizer que seja qual for a escolha, em determinado momento, que se viva intensamente esse mesmo momento e que se usufrua do suficiente para o tornar inesquecível.
Afinal, tanto o pessimista como o optimista acabam por morrer, no entanto, aproveitam a vida de forma completamente diferente.
A vida reserva em cada molde uma estranheza infiltrada, um mistério irrepreensível e inato, mas que culmina sempre em fim comum. Todos pisamos o mesmo chão e todos vivemos debaixo do mesmo tecto. E construimos os baluartes da vida com um projecto arquitectado por aquilo que somos, com acabamentos inacabados que permanecem numa espera infinita de que alguém, algum dia, seja tão bom ou tão mau arquitecto da vida, como nós fomos.