quarta-feira, 7 de maio de 2008

Estranha forma de vida

Há pessoas com vidas planeadas, aquelas que apesar de não conhecerem o amanhã, possuem o dom de prever com um rigor inalienável um futuro tal qual o esperado, o que tem o seu quê de monotonia e ao mesmo tempo de segurança, se o que se prevê for positivo.
Outros, pelo contrário caminham na corda bamba, constantemente, correm riscos, saltam barreiras, enfrentam medos e ultrapassam adversidades em busca de uma meta para sempre inatingível, ou não, para os sonhadores, esses são outros, que passam pela vida com uma mão cheia de nada e a outra de coisa nenhuma, mas possuem o que muitos afastam e o que de mais puro existe...o sonho, que move mundos e fundos e recolhe ventos e tempestades numa caixa de cartão selada de coragem. Pela vida fora, passam-nos optimistas e pessimistas, grandes guerreiros e outros não tão menos grandes fracassos. Já conheci filhos do vento, da má sorte e outros cheios de tudo, irradiados de brilho e poder. A verdade é que cada um dá à vida o seu próprio sentido e decide autonomamente torná-la mais disto ou mais daquilo, independentemente de ser benéfico ou não, chama-se a isso escolha.
Posto isto, resta-me dizer que seja qual for a escolha, em determinado momento, que se viva intensamente esse mesmo momento e que se usufrua do suficiente para o tornar inesquecível.
Afinal, tanto o pessimista como o optimista acabam por morrer, no entanto, aproveitam a vida de forma completamente diferente.
A vida reserva em cada molde uma estranheza infiltrada, um mistério irrepreensível e inato, mas que culmina sempre em fim comum. Todos pisamos o mesmo chão e todos vivemos debaixo do mesmo tecto. E construimos os baluartes da vida com um projecto arquitectado por aquilo que somos, com acabamentos inacabados que permanecem numa espera infinita de que alguém, algum dia, seja tão bom ou tão mau arquitecto da vida, como nós fomos.

2 comentários:

Luisa Oliveira disse...

E vamo-nos rodeando de pessoas, esperando que nos ensinem outras leis de aquitectura. Sabemos que também têm um caminho e uma casa a construír; mas, sabemos também, que por gostarem tanto de nós e nós delas, lhes podemos pedir que nos deêm uma mãozinha, nos passem umas telhas, nos apanhem umas pedras - nem precisamos de pedir. E vamos assim, dispendendo de um tempinho, trocando de lugar, auxiliando e sendo auxiliados. Quando acabar, acabou. Fomos felizes? - Ah, isso ninguém nos tira!

Um abraço muito, muito forte.

Anónimo disse...

escreves como uma pro, ah esqueçi-me tu és mesmo uma escritora verdadeira! :D