domingo, 21 de março de 2010

Chama-lhe fraqueza, chama-lhe inconsciência, chama-lhe os nomes todos e olha para dentro de ti. Depois descobre que no fundo te chamas vazio, porque até as réstias do que foste queres apagar. Sim, obriga-te a um reset e depois diz-me se esse fabuloso restauro te traz felicidade. Juro que adorava, sem qualquer ironia intermédia, saber se essas certezas fulcrais te vão reger para sempre, se são ponto comum em tudo o que fazes e queres para ti. Se assim é brindo-te por tamanha convicção. Se bem que tenho cá para mim que essas tais certezas imaculadas não são mais que um caminho de penitência orgulhosa que teimas em trilhar.
Não penses que esqueci, que ignorei, que menti para fugir.
Não penses que deixou de doer. Não ouses sequer pensar que algum dia vai deixar. Não tentes alterar o que ninguém nos vai tirar porque aconteceu num dado lugar e tempo. Sim, é história da tua e da minha vida, que um dia foi nossa.
Lembro-te que és ferida em mim...que mora do lado errado do coração, que um dia foi certo. Não morreste não...isso são defesas que saltam do coração para a ponta da língua...oxalá também eu tivesse sido tão politicamente correcta.
Digo-te que devo ter um coração democrático para tentar ainda apelar à tua (in)consciência.

Conformar...diz me tu, que te dizes inconformista, como é que isso se faz.
Repito: és a minha maior mágoa, a única, a derradeira, a ferida aberta por muita coisa que ficou por acontecer.

O meu caminho é outro, se cruza ou não o teu não sei, não importa...
Só não sei ver-te fora da minha vida (queira isso dizer o que quer que interpretes)
já não me chocam as interpretações...
O meu barco, esse levo-o a porto seguro, mudei a rota, porque desse lado avizinham-se ventos e tempestades.
Queira eu que a tua bússola te aponte o Norte, por mais perdido que estejas.
Porque hoje, apenas isto me faz acreditar, que vou chegar onde só chega quem nunca teve medo de naufragar.

1 comentário:

K disse...

Eu podia ter escrito isto...